CACHORRO CONSEGUE SE COMUNICAR COM OS HUMANOS
“Primeiro passo é
conquistar a confiança”, afirma ao pesquisador que coordena pesquisas
experimentais no IPUSP.
O professor César Ades, um dos maiores especialistas em
comportamento animal, e explica mais alguns detalhes sobre o comportamento dos
cães e como eles são próximos ao ser humano.
César Ades conta que tem se estudado mais especificamente a
comunicação dos cachorros com os humanos e que descobriu que eles são mais
espertos que se imaginava.
“O cão vive muito perto do ser humano. Ele obedece ao ser humano,
se integra a uma família, a uma vida de trabalho do ser humano. O cachorro foi,
durante muito tempo, pouco estudado, porque ninguém iria estudar um bicho de estimação, um bicho
da sua casa.
“Mas, quando você começa a estudar cientificamente o cão, você
percebe que ele tem capacidades que algumas delas o colocam acima do chipanzé”,
ressalta o psicólogo. Mas seriam os cães mais inteligentes que os macacos? O
pesquisador que coordena pesquisas do Departamento de Psicologia Experimental
da Universidade de São Paulo (USP) nega e diz que não se podem comparar animais
diferentes, não se pode dizer que um animal é mais inteligente que outro de
diferente espécie.
Cachorro se comunica com
humanos, diz pesquisador.
“Em geral, eu me manifesto com resistência a dizer que esse é mais
inteligente que aquele. Cada animal tem a inteligência que precisa para
resolver os seus problemas. Não adianta você julgar o cão com o padrão do
chipanzé, nem o chipanzé com o padrão do papagaio”, aponta o psicólogo. “Cada animal
é diferente do outro em algumas coisas. Cada animal é semelhante ao outro em
algumas coisas, mas é diferente também”.
No caso dos cachorros, o Dr. Ades ressalta que eles têm
capacidades cognitivas, capacidades de raciocínio, de memória e de aprendizagem
notáveis. “Eu não preciso colocar como mais inteligente que o outro, mas ele (o
cão) tem capacidades notáveis”, explica.
O pesquisador afirma ainda que tem 100% de certeza que o cachorro
consegue se comunicar com os humanos. “Ele é feito para se comunicar com o ser
humano. Porque o cão é o primeiro animal que nós domesticamos. Antes do boi,
antes da cabra, antes do porco, antes de todos os animais que são domésticos, o
cachorro foi o primeiro”, declara César Ades. “O que se aprimorou ao longo do
tempo, foi a capacidade de leitura que o cão tem dos gestos e da maneira humana
e das palavras humanas”.
Cão entende expressão
facial e gestos, afirma César.
O pesquisador defende que o cachorro entende expressão facial,
palavras e gestos humanos. “Se você isola o cão e não o deixa interagir, ele
não vai aprender. Então, ele precisa viver em um meio humano para adquirir essa
incrível sensibilidade para a face do ser humano, para o gesto do ser humano.
Então, o cão está preparado para a comunicação de tal maneira que ele busca o
teu olho, teu rosto”.
César Ades relata ainda experimentos que comprovam como o cachorro
compreende o ser humano e como interage com ele. “Se você manda o seu cão fazer
alguma coisa e você se vira de costas, ele dá a volta e te encara. Se tem duas
pessoas comendo hambúrguer, e uma deles está olhando para o cão. A quem ele vai
pedir comida? À pessoa que está olhando para ele”,
Normalmente, o cão segue a orientações como “senta”, “deita” Veja o exemplo do Bidu que consegue entender frases
inteiras, diferentes palavras e em dois idiomas. Como explicar esse fenômeno?
“Uma coisa é você mandar o cachorro sentar, dar a pata, se fazer
de morto, pular. Isso deve ter existido desde o começo da domesticação, tanto
que o cachorro está pronto para aprender essas ordens. Outra coisa é ele
reconhecer um objeto, quando você dá o nome ao objeto. É mais difícil do que o
primeiro tipo de compreensão que o cachorro tem. Então, se você diz senta,
deita e dá a pata é possível treinar. Agora, dizer para ele distinguir dois
objetos, duas pessoas é um pouco mais complicado, mas ele é capaz de fazer
isso”.
Mas como você pode fazer com que o seu cão siga as suas
orientações? Como fazer com que ele distinga objetos e compreenda frases e
várias palavras? “O primeiro passo do contato com o animal é ganhar a confiança
dele. Ele acabar te vendo como a fonte de prazeres, uma fonte de segurança e
uma fonte de apego. Assim, você consegue trabalhar a parte da aprendizagem”,
explica o Dr. César Ades.
Primeiro passo do contato
com animal é ganhar confiança
E coordenador de pesquisas do Departamento de Psicologia
Experimental da Universidade de São Paulo (USP) destaca o que considera mais
impressionante em todos esses anos de trabalho: “a inteligência notável do cão
é a inteligência social dele, é ele prestar atenção em sinais pequenos, sutis,
simbólicos e ser capaz de organizar a sua vida de uma maneira muito esperta a
partir de pequenos sinais. Então, o que a pesquisa dos últimos anos mostra cada
vez mais é que o cão tem uma inteligência social que decorre do fato dele ter
sido lobo, porque o lobo é um grupo social de uma complexidade impressionante”.
Mas quem escolhe quem? Somos nós que escolhemos o nosso cachorro
ou será que é ele quem nos seleciona? “Nós selecionamos o cão para as
necessidades afetivas que nós temos, e ele se encaixou muito bem. Então, ele
passa a exercer um papel terapêutico, ele passa a exercer um papel de te
proporcionar uma satisfação social que, às vezes, outros seres humanos ficam
mais difíceis. Ele é o inocente da casa, não é um mentiroso. Tem uma alegria
tão espontânea que te cativa”, aponta o pesquisador.
Durante esses 40 anos de pesquisa e várias descobertas, o
professor revela que ainda se sente como um iniciante na área: “toda hora, a
gente descobre coisas”. Sempre tem alguma coisa nova, que te ensina que corrige
as concepções que você já fez. É de uma riqueza impressionante
Fonte:
http://www.ip.usp.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário